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1001 CONTOS DA CARAVANA - 0005: O RESGATE DA PRINCESA ZYAD

Alfaris al-Azim, é um bárbaro de pele parda, cabelos cacheados negros e uma robusta barba. Ele desperta amarrado com as mãos sobre a cabeça presas a um totem de pedra quadrado com baixo relevo de escritas profanas em uma praia deserta. A água do mar sobe até o seu peito peludo, e as ondas frias, espumantes e salgadas se chocam contra seu rosto, forçando-o a abrir os olhos. Ao redor dele, esqueletos presos a outros pilares emergem parcialmente da por entre as ondas, testemunhas silenciosas de um destino sombrio e cruel que muitos enfrentaram antes dele. Alfaris puxa suas amarras, mas elas não cedem. Seus músculos doem, e seu corpo está exausto, mas sua mente é inundada por lembranças da traição que o levou até ali.

-- Sikuta!!! eu vou te achar e arrancar a pele de seu rosto como se descasca uma cobra, sua serpente maldita. Que sua alma queime nas profundezas do inferno!

ele murmura entre os dentes cerrados, enquanto tenta novamente se soltar. Ele se lembra da feiticeira, de seus olhos astutos e de suas promessas envenenadas.

-- Deveria ter te matado quando tive a chance...


De repente, uma voz grave e familiar ecoa pelo ar salgado.

--Alfaris? Por Tanatos... Você está vivo? Achei q a feiticeira tivesse o transformado no monstro q matei na arena.

Alfaris levanta a cabeça com dificuldade e olha ao redor. Sua visão está embaçada, e não conseguindo ver quem falava com ele exclama!

-- Finalmente a loucura me alcançou!

um vulto amarrado ao totem do lado oposto se chacoalha.

-- Sou eu seu maldito miserável!

-- Vagoulnir?

-- E quem mais seria idiota? acha que o grande e ocupado deus da morte viria até o traseiro do mundo por causa de um pobre djabu como você? seu orgulhoso de merda.

dizia o bárbaro de pele parda, cabelos lisos e longos igualmente negros, com a mandíbula acinzentada pela barba tosquiada.

-- Você disse vivo...Se é que podemos chamar isso de vida meu amigo. Essa bruxa me traiu.

respondia Alfaris com um sorriso amargo.

-- a todos nós seu cão sarnento egoísta.

Alfaris balança a cabeça, confirmando e pegando folego entre as ondas da maré que sumia.

-- Lembro-me de sua promessa de glória e riquezas além do que nossos olhos poderiam imaginar seu ganancioso pestilento. Tudo uma mentira!

Vagoulnir responde:

-- Como ela conseguiu capturar você?

-- Bem, depois de nos separarmos, Lutei contra os guardas até que ela se aproximou de mim nua com uma maça na mão e aqueles longos cabelos negros escorridos e pele branca refletindo o verde das tochas...

Alfaris engolia a saliva salgada antes de continuar.

Quando eu percebi, Ela sequestrou Zyad e me seduziu, cai em sua cama de ceda negra como uma pedra de desmoronamento. após ela satisfazer seus desejos impuros e profanos eu tentei salvar a princesa zyad, mas a magia daquela serpente é forte e quando dei por mim estava preso a este maldito totem, com as ondas do mar me castigando. E você que merda está fazendo aqui?

-- Me recusei a ocupar a cama da feiticeira e ela me mandou para a morte por decapitação, como você pode imaginar eu matei todos, mas os feitiços daquela bruxa me desacordaram então acordei a algumas horas, achei que estava sozinho.

Enquanto eles conversam, as ondas começam a ficar mais fortes, e a maré começa a subir mais rapidamente. A água, que antes batia no peito, agora atinge os ombros. Alfaris olha ao redor e nota que os esqueletos em volta deles não são apenas de humanos, mas de criaturas marinhas também. Ele vê um crânio de tubarão entre os ossos e algo pior se agitando nas profundezas.
Vagoulnir observa a mesma cena com uma expressão sombria.

-- Não temos muito tempo, Alfaris. O mar está trazendo companhia.

Se contorcendo e torcendo as cordas de caroá que o prendia ele consegue se virar para o mesmo ângulo que seu amigo diz:

-- Veja as formas que se aproximam na água, são os temíveis Tubarões-leitoa!

As criaturas grotescas que combinam o corpo de um tubarão com a cabeça e presas de um javali, começam a cercar os pilares.

-- Eles parecem famintos.

exclamou vagoulnir.

-- E vieram para o lanche.

respondeu Alfaris enquanto puxa as amarras com toda sua força, mas elas são resistentes. Ele olha para os esqueletos ao redor, procurando algo que possa ajudá-los. Seus olhos se fixam na arcada dentaria do tubarão seco preso ao esqueleto ao lado, ainda preso ao pilar. Ele começa a usar os pês descalços para tentar alcançar a mandíbula de tubarão a corda a corda que o prende.

-- Esses ossos...

Murmura Alfaris.

-- Eles não morreram à toa. Precisamos de algo afiado... esses dentes podem nos servir.

Vagoulnir, compreendendo a ideia, inclina-se para auxiliar as pernas do amigo, com um esforço conjunto, eles conseguem libertar um dos ossos afiados. Alfaris usa o osso para cortar suas amarras enquanto Vagoulnir faz o mesmo. O tempo está se esgotando; as bestas marinhas estão a poucos metros de distância.
Finalmente, Alfaris se liberta, respirando fundo enquanto sente o sangue voltar a circular em seus braços. Ele corta as cordas de Vagoulnir, e ambos se soltam completamente saltando sobre a agua até a pequena parte seca de areias brancas sem quaisquer vegetação.

-- Sem banquete hoje tubarões-leitoa

Diz Alfaris sorrindo e jogando o osso que usou para cortar as cordas em direção aos tubarões-leitoa que se atracam ferozmente ao sentirem o osso acertar-lhes.

Vagoulnir ri como canto da boca, com um som curto e seco. pondo as mãos sobre a testa cobrindo o sol dos olhos procurando a direção da ilha da necromante.

-- Sempre soube que você era bom com armas improvisadas. Vamos, amigo, a ilha nos chama. Temos uma dívida a acertar com Sikuta.

Com a maré subindo cada vez mais rápido, e os tubarões-leitoa avançando, os barbaros se juntam no centro da pequena ilha deserta, determinados a sobreviver e a fazer justiça com suas próprias mãos.

Depois de se libertarem dos totens de pedra, os bárbaros do sol poente rodeas cada vez menos por areia branca da praia, A maré continua a subir rapidamente, ameaçando submergir toda a pequena ilha.

-- Precisamos encontrar uma maneira de sair daqui antes que a maré nos engula

Diz Alfaris, com o olhar focado no horizonte.

Vagoulnir, sempre atento ao ambiente ao seu redor, sobe nas costas do amigo para ter uma melhor visão do que os cerca.

-- Que-que você está fazendo? Agora pronto, enlouqueceu de vez!

-- Há uma outra ilha mais adiante, Mas não temos barco, precisamos de algo para atravessar.

Aponta para um dos lados o bárbaro de cara tosquiada.

Alfaris se vira para o amigo, com olhar intenso.

-- Não vou morrer neste pedaço de terra abandonado, não depois de tudo o que passamos, não longe de minha princesa Zyad. Vamos encontrar uma saída!

Eles sentem seus pés afundando na areia macia e encharcada. A maré já está cobrindo grande parte da praia, e o tempo se torna um inimigo implacável.
Vagoulnir avista algo à distância e para de repente, puxando virando a cabeça de Alfaris pelo braço.

-- Olhe miserável! Tartarugas marinhas. Talvez possamos usá-las para atravessar se os tubarões-leitoa não as devorarem.

-- O traseiro de Tanatos que eles vão!

ambos os bárbaros pulam na agua retirando forças do ódio por Tanatos o deus da morte e submundo.
Alfaris olha para as grandes tartarugas que estão nadando na parte rasa da praia. Ele solta uma risada curta e nervosa.

-- você esta pensando em usar tartarugas como pranchas? Isso é loucura!

Vagoulnir dá de ombros com um sorriso brincalhão.

-- Já lutamos contra feiticeiras e monstros, amigo. Um pouco de loucura nunca nos impediu antes.

-- Agora tenho certeza amigo, morreremos com 200 anos engasgado com uvas em alguma cabana nas montanhas! Ah! Ah! Ah!

Com determinação, os dois bárbaros correm até as tartarugas. Eles se aproximam cautelosamente, tentando não assustar os animais e percebem que elas eram ainda maiores do que pensaram. Alfaris coloca as mãos em uma das tartarugas maiores, sentindo a textura áspera de seu casco cheio de cracas.diz mais para si mesmo

-- É isso ou nada.

Com um esforço conjunto, eles conseguem virar as tartarugas para o mar. Alfaris olha para a ilha distante, seus olhos cheios de determinação e alegria.

-- Vamos irmão! Zyad está esperando por mim... E ainda temos contas a acertar com Sikuta.

Vagoulnir concorda, sua expressão igualmente alegre.

-- Temos um longo caminho pela frente, mas estou feliz de não morrer hoje.

Subindo nas costas das tartarugas, os dois bárbaros se seguram firmemente enquanto os animais começam a nadar em direção à ilha distante em alta velocidade. As ondas se levantam de forma assustadora, e os tubarões-leitoa os seguem de perto, mas as tartarugas são ágeis e conseguem se afastar rapidamente.

-- Espero que saibam para onde estão indo,

Murmura Alfaris, apertando o casco da tartaruga com os pês enquanto ela avança pela água.
Vagoulnir ri, uma risada curta.

-- Não se preocupe, seu velho pessimista. Se nos levar para o fundo, pelo menos morreremos de forma épica.

O tempo parece se arrastar enquanto as tartarugas nadam pelas águas traiçoeiras. As ondas são grandes, e as criaturas do mar espreitam ao redor, mas finalmente, a ilha se aproxima. Eles conseguem ver as palmeiras e as altas torres da fortaleza de onde foram expulsos.
Ao chegarem à costa, os barbaros saltam das tartarugas e correm pela praia, seus pés afundando na areia molhada. Eles não têm tempo a perder.

-- Temos que nos armar,Precisamos de armas, qualquer coisa que possamos usar contra os guardas.

Diz Alfaris, ofegante.
Vagoulnir assente.

-- Há uma patrulha por aqui. Se formos rápidos, podemos pegar o que precisamos antes que eles nos vejam.

Os dois se esgueiram pelas sombras, movendo-se com a experiência de guerreiros que já enfrentaram inúmeros desafios juntos. Eles encontram um grupo de guardas desatentos, descansando perto de um estábulo. Alfaris sinaliza para Vagoulnir, que silenciosamente se aproxima por trás de um dos guardas, estrangulando-o e tomando sua cimitarra. Alfaris faz o mesmo com outro guarda pegando seu machado, e em poucos segundos, os dois bárbaros estão armados e prontos.

-- Melhor pegar mais de uma espada, Vai que precisamos de uma a mais?

sugere Vagoulnir, sorrindo ao ver o arsenal improvisado.
Alfaris sorri com o canto da boca, apreciando a confiança de seu amigo.

-- Nunca se sabe... Sikuta não vai facilitar para nós.

Eles rapidamente selam dois cavalos e montam, prontos para continuar sua jornada. Alfaris puxa as rédeas e olha para o horizonte, onde o castelo da Imperatriz do Fogo Fátuo se destaca, sombrio e ameaçador.

-- Zyad... Eu estou chegando...

Murmura o barbudo.
Vagoulnir, ao seu lado, se aproxima com seu cavalo.

-- Vamos trazê-la de volta, amigo. E faremos Sikuta pagar por tudo.

Os dois cavalgam em direção ao castelo, prontos para enfrentar os desafios que os aguardam, com a determinação de guerreiros que sabem que não têm mais nada a perder.
Os bárbaros do sol poente avançam a cavalo pelo território inimigo, o som das ferraduras ecoando pelo terreno rochoso. As palmeiras balançam ao vento, e o cheiro de sal e sangue paira no ar. O sol se põe lentamente, tingindo o céu de um vermelho ameaçador enquanto a silhueta do castelo da Imperatriz do Fogo Fátuo surge à distância.

-- Estamos perto. Zyad está lá dentro, Eu posso sentir.

Diz Alfaris, apertando as rédeas do cavalo. Seus olhos estão fixos nas torres escuras e retorcidas do castelo.

Vagoulnir, ao seu lado, observa o castelo com uma expressão sombria.

-- Sikuta não vai nos deixar entrar facilmente. Ela sabe que estamos vindo.

-- Que ela saiba! Ela nos traiu, nos prendeu, e tentou nos matar. Agora, é nossa vez te marcar um encontro entre ela e aquele miserável do Tanatos.

Responde Alfaris, determinado.
Os dois continuam em silêncio até chegarem aos portões do castelo, que estão entreabertos, mas não há guardas à vista. Algo não parece certo. Vagoulnir estreita os olhos e coloca a mão no cabo de sua cimitarra.

-- É uma armadilha. Ela está nos esperando!

Alfaris desce do cavalo e faz um sinal para que Vagoulnir faça o mesmo.

-- Sabíamos que não seria fácil. Vamos dar a ela a guerra que ela merece.

Os bárbaros empurram os pesados portões de ferro negro, que rangem alto enquanto se abrem. Eles entram no pátio do castelo, que está envolto em uma névoa densa e esverdeada. As paredes de pedra são cobertas de musgo, e o chão está repleto de ossos. As chamas que iluminam o caminho são corpos esqueléticos que queimam em tons de verde, dando ao ambiente uma aura sobrenatural.

-- Essa névoa… É feitiçaria, Sikuta está manipulando o próprio ar para nos enfraquecer.

Murmura Vagoulnir, apertando a cimitarra com mais força.

-- Fique alerta, Ela vai usar tudo o que tem para nos parar!

responde Alfaris, movendo-se em direção à entrada principal do castelo.
Eles avançam pelo corredor principal, onde armadilhas mortais os aguardam a cada passo. Flechas disparam das paredes, lâminas surgem do chão, e armadilhas de fogo se ativam sem aviso. Mas os dois bárbaros, com reflexos rápidos e força sobre-humana, esquivam-se e destroem as armadilhas com precisão.

-- Ela está com medo, Está usando todos os truques possíveis para nos manter longe.

Diz Vagoulnir, saltando sobre uma lâmina giratória e decapitando uma estátua que ocultava uma armadilha.

-- Medo e desespero, Ela sabe que estamos aqui para acabar com isso.

completa Alfaris, cortando uma série de flechas com um único golpe.
Eles avançam pelo corredor, enfrentando guardas ferozes que surgem das sombras. Os bárbaros lutam lado a lado, como dois guerreiros em perfeita sincronia. Espadas e machados cortam o ar, e o chão logo se torna um campo de batalha coberto de corpos esqueletos trajando armaduras.

-- Esses cães não têm chance contra nós, A sala do trono deve estar próxima.

Diz Alfaris, ofegante, enquanto limpa o sangue de sua espada.

-- Vamos acabar logo com isso!

responde Vagoulnir, seus olhos brilhando com a antecipação da batalha final.
Finalmente, eles chegam a uma grande porta de madeira esculpida, adornada com ossos e runas profanas. Alfaris coloca a mão na maçaneta e vira-se para Vagoulnir.

-- Este é o fim, irmão. Sikuta vai pagar por tudo!

Vagoulnir assente, com seus olhos duros.
Ela vai nos implorar por misericórdia... mas não terá nenhuma.
Alfaris empurra a porta com força, revelando a sala do trono. O teto é alto, sustentado por colunas feitas de ossos humanos e animais entrelaçados. No centro da sala, o trono da Imperatriz do Fogo Fátuo está suspenso por correntes de ossos que pendem do teto como um balanço de jardim. Sikuta, a feiticeira traidora, está sentada nele se balançando nua com as pernas curvadas para dentro segurando entre os dedos dos pês um cajado fino de ferro com um osso de cobra na ponta com uma esmeralda entre os dentes, um sorriso malicioso nos lábios extremamente vermelhos. Seus olhos brilham com uma luz verde sobrenatural.

-- Aqueles que ousam desafiar Sikuta vêm rastejando até mim, no fim, Vocês são apenas mais dois tolos em uma longa fila de derrotados.

Diz ela, com uma voz fria e ecoante.
ALfaris avança, apontando o machado para a feiticeira.

-- Você nos subestimou, Sikuta. Achou que poderíamos ser destruídos facilmente, mas estamos aqui para acabar com você.

Sikuta se joga para trás do trono e se prende com os pês as correntes de osso girando o cajado e recitando palavras inteligíveis.

-- Vocês podem tentar, bárbaros. Mas o poder do fogo fátuo está além da compreensão de simples guerreiros. Vocês enfrentarão o destino de todos os que me desafiam.

Com um gesto, Sikuta acende um fogo verde que percorre o chão e atinge os ossos espalhados pelo salão. Os ossos começam a se unir, formando uma monstruosidade humanoide com a cabeça de um elefante de ouro com varias joias. O chicote da criatura é feita de uma coluna vertebral, e na ponta dela, há um crânio de tigre. A criatura solta um rugido profundo, fazendo o chão tremer e partes do teto desabar.
Vagoulnir dá um passo à frente, posicionando-se ao lado de Alfaris.

-- Essa coisa é enorme...

-- Mas meu jubileu é mais!

Alfaris saca seu machado de dois gumes, sentindo o peso da responsabilidade.

-- Você esta louco o suficiente pra me acompanhar cara de joelho?

-- Sempre seu urso reumático!

Respondia Vagoulnir sorrindo.
A luta que se segue é feroz. A criatura esquelética ataca com força esmagadora, usando seu chicote como um mangual mortal, enquanto os bárbaros esquivam-se e contra-atacam com uma precisão quase sobrenatural. O chão se desaba sob seus pés e todos caem para o salão circular de pedra e cortinas abaixo, as chamas verdes dançam ao redor com o som de ossos estilhaçando enche a sala.
O salão do trono da feiticeira Sikuta era um aglomerado de pedra, ossos, sombras e um fogo verde etéreo que iluminava o lugar com um brilho fantasmagórico. os bárbaros do sol poente, armados e prontos, encaravam o colosso que surgia à sua frente. O gigante esqueleto de elefante, trazido à vida pela magia sombria de Sikuta. O monstro emitia um rugido ameaçador, ecoando pelas paredes do castelo.
Alfaris segurava firmemente seu machado de dois lados, sentindo o peso da batalha iminente em seus braços. Vagoulnir, com suas duas cimitarras, mantinha uma postura baixa e ágil, pronto para atacar a qualquer movimento da criatura.

-- Alfaris, precisamos ser rápidos e precisos! Se ele nos prender naquelas presas, estaremos mortos!

Gritou Vagoulnir, com os olhos fixos no monstro.

-- Então não deixe as que as pegue! Eu cuido da cabeça, você do chicote. Precisamos tirá-la de circulação antes que ela nos morda.

Gritou Alfaris com um sorriso que expressava toda sua loucura de berzeker e prazer da batalha.
O elefante esquelético avançou com uma velocidade assustadora. O açoite, como um chicote mortal, estalou no ar, tentando agarrar os bárbaros. Alfaris rolou para a esquerda, escapando por pouco do ataque, enquanto Vagoulnir saltava para a direita, golpeando a tromba com suas cimitarras. As lâminas cortaram profundamente, mas os ossos da criatura eram duros como ferro.

-- Esses ossos não são naturais!

Gritou Vagoulnir, ao se esquivar de mais um golpe.

-- Sikuta os fortaleceu com magia. Precisamos de algo mais!

-- Então vamos usar o que temos!

Alfaris rugiu em resposta, lançando-se contra as patas dianteiras da criatura. Ele desferiu um golpe poderoso com seu machado, despedaçando uma das patas. O elefante oscilou, mas não caiu, pondo a mão no chão para se equilibrar.

A arma do monstro chicoteou novamente, desta vez mirando Alfaris. Ele ergueu o machado para se defender, mas a força do impacto o jogou para trás contra as cortinas verdes e paredes de pedra, fazendo-o colidir com uma coluna de ossos. Vagoulnir viu o amigo em apuros e correu em sua direção, cortando o açoite com um golpe cruzado de suas cimitarras. A cabeça de tigre na ponta rugiu, tentando morder Vagoulnir, mas ele foi rápido o suficiente para evitar as presas.

-- Nós precisamos derrubar isso! gritou Alfaris, se erguendo novamente.

Vagoulnir olhou ao redor, procurando algo que pudesse virar o jogo. Acima deles, ele avistou um enorme lustre de ferro, coberto de caveiras em chamas verdes e ganchos de ossos pendurados. Um plano começou a se formar em sua mente.
Alfaris, o lustre! Se conseguirmos soltar aquilo em cima da criatura, pode ser o suficiente para acabar com ela!
Alfaris seguiu o olhar de Vagoulnir e compreendeu imediatamente.

-- Vou distrair o monstro. Você cuide de cortar as correntes!

Sem perder tempo, Alfaris correu diretamente para o elefante, gritando para chamar sua atenção. Ele brandiu seu machado de duas lâminas, desferindo golpes rápidos nas patas restantes, enquanto o monstro tentava espeta-lo com suas presas. Vagoulnir, aproveitando a distração, correu pelas paredes, escalando a longa cortina e saltando de uma estrutura para outra até alcançar as marquise que prendia ad correntes que seguravam o lustre.

No alto, Vagoulnir balançou no lustre, cortando uma das correntes com um golpe preciso de suas cimitarras. A estrutura de ferro rangeu e começou a inclinar, ainda segurando, mas pendendo para um lado.

-- Mais uma corrente e isso cai! gritou Vagoulnir, saltando sobre as paredes e cortinas até a próxima corrente. Ele cortou com todas as suas forças, e o metal se rompeu com um estalo alto mas o lustre não caiu, então ele usou umas das correstes que se pendiam por ali e subiu em cima do lustra fazendo peso para que ele caisse.

Lá embaixo, Alfaris viu o lustre começar a cair e soube que era sua chance. Ele se jogou para trás, escapando por pouco de ser esmagado pela pata do monstro juntamente com Vagoulnir que saltou sobre o amigo.
Com um rugido final, o elefante esquelético levantou sua tromba para esmagar os bárbaros do sol poen, mas antes que pudesse atacar, o lustre desabou sobre ele. O enorme peso de ferro e ossos despencou do teto, esmagando a cabeça do monstro e partindo sua espinha. O impacto foi devastador, e o elefante esquelético desabou no chão em uma chuva de ossos quebrados.
Vagoulnir rolou e pousando ao lado de Alfaris rente a uma parede com mastros e cortinas caídas. Os dois respiravam pesadamente, suados e cobertos de poeira, se entreolhando e gargalhando como duas crianças.

-- Bom trabalho cara pelada!

Disse Alfaris, apoiando-se em seu machado.
Vagoulnir sorriu, guardando as cimitarras.

-- Nunca duvidei de você urso velho. Agora, vamos encontrar Sikuta e acabar com isso de uma vez por todas.

Os dois se viraram em direção à sala do trono escalando a cortina verde até o andar de cima, onde Sikuta os aguardava, assistindo à batalha com olhos cheios de ódio e medo. Eles avançaram juntos, prontos para dar o golpe final na feiticeira.

-- É agora, Vagoulnir! Ataque as correntes do trono!

Grita Alfaris, depois de se dividirem correndo flanqueando o trono.
Vagoulnir, percebendo a estratégia de Alfaris, lança uma de suas cimitarras ao teto. a lamina corta as correntes de ossos que sustentam o trono balanço de Sikuta, fazendo com que ela caia, desajeitada, no chão à frente de Alfaris.
Antes que Sikuta possa reagir, Alfaris a segura pelos cabelos, puxando-a para si e arrastando ate a varanda do salão. Seus olhos ardem com uma mistura de raiva e desespero.

-- Onde está Zyad?

Ele rosna.

-- Diga-me agora, ou sua morte será lenta e dolorosa.

Sikuta, apesar da situação, solta uma gargalhada cruel.

-- Você nunca a encontrará, Alfaris. Ela é minha para sempre.

Antes que Alfaris possa responder, Vagoulnir grita:

-- Eu a encontrei!

Ele se aproxima, segurando algo nas mãos. É Zyad, a princesa que Alfaris tanto procurava.
Alfaris segura a imperatriz Sikuta com o braço esticado pra fora da varanda, enquanto segura gentilmente em seus braços sua princesa.

-- Zyad... você está a salvo agora.

Ele sussurra, beijando-a com reverência.
Sikuta tenta se erguer, mas Alfaris, com um último olhar de desprezo diz:

-- Tenha um péssimo pós-vida nas negras areias do submundo bruxa.

Interrompendo vagoulnir conclui:

-- Quando chegar ao reino de Tantos mende um recado meu para aquele maldito deus bastardo, são será fácil ter a possa das almas dos bárbaros do sol poente!

Então Alfaris a solta, Sikuta cai em direção às estacas de pedra milhares e milhares de metros nas águas abaixo com seu grito sendo engolido pelo vento.

-- Malditos bárbaros!

Com a feiticeira derrotada, Alfaris segura Zyad firmemente e a estende para o alto, enquanto Vagoulnir observa, sorrindo.

-- Finalmente, irmão, acabou. E você conseguiu sua princesa de volta.

Alfaris sorri, exausto, mas satisfeito.

-- Não é sobre conseguir, Vagoulnir. É sobre lealdade. Zyad sempre foi leal a mim, e agora eu devolvi essa lealdade.

-- Seu urso bêbado, você é o único bárbaro que chama seu sabre de princesa, como pode amar mais ela do que sua própria vida amigo?

Vagoulnir pergunta sorrindo e cruzando os braços músculos sorrindo.

-- Deixe-me te explicar cara pela, O vinho nos entorpece os sentidos, as riquezas nos deixam soberbos, e as mulheres... Ah! as mulheres, eu gosto muito delas, mas não se pode confiar nelas... já minha princesa Zyad, me da alegria e me proteja, até nossas sombras nos abandonam no escuro, mas Zyad não, Zyad está sempre comigo quando preciso dela. e além do mais, quem tem uma princesa não precisa procurar mor uma.
os bárbaros caminham ate o fosso onde a grande cabeça de ouro do elefante repousava entre os escombros se olhando e sorrindo. Ambos saem triunfam e saem do castelo, arrastando consigo a cabeça dourada do elefante como troféu e Zyad, a princesa resgatada, a salvo.. O sol está baixo no horizonte, lançando sombras longas sobre a paisagem desolada.
Seus cavalos caminham lentamente enquanto discutem sobre quanto valerá a cabeça do elefante no mercado. Assim sorrindo os bárbaros do sol poente deixam para trás o castelo em ruínas da Imperatriz do Fogo Fátuo e caminham em direção ao que esperam ser um futuro mais tranquilo, com o peso da batalha recente ainda se fazendo sentir nos corpos exaustos dos guerreiros.

-- Alon Har --
@kowuniversos.ofc

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