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1001 CONTOS DA CARAVANA - 0007: SE BEBER NÃO FAÇA ACORDOS

A taverna do javali de três cabeças é famosa por sua violência gratuita, bebidas fortes e por juntar em um só lugar, os piores elementos que o mundo pode conceber. quente, enfumaçada e iluminada por mais velas do que um enterro de rei. o cheiro de gordura, sangue e bebida fermentada temperava o ar inconfundível, aquela era de fato a taverna Pig Big Wig.
mamutes, hipopótamos, rinocerontes, mutantes e homens loucos, formavam o publico mais ácido daquele local. pela porta de madeira entrava um sujeito que parecia ter nascido para estar ali. Um bárbaro árabe trajando apenas, botas peludas, um grosso tecido vermelho em volta das pernas com um cinto, e braceletes de couro preto. cabelos compridos e encaracolados negros como sua densa barba, ostentando quase um urso no peito de tantos pelos que tinha.
O bárbaro arrastava uma bolsa de couro que jogava sobre o balcão.

-- Eu quero um olho vermelho do diabo sangrento!

O grande javali que nomeia a taverna, sai entre cortinas sujas e encardidas assuando o nariz em um retalho de toalha e pondo nos ombros.

-- Alfaris! vejo que está entediado de novo, o que tem feito?

-- O de sempre Porcão, vendido minha arte pra quem pode pagar.

-- Ei Pig! traz logo meu pedido!

Grita alguém nas mesas ao fundo enquanto uma das cabeças do javali se atenta a quem chamou, uma procura na prateleira a garrafa de Alfaris e a outra se atentava a encher de cerveja uma robusta caneca de madeira a pondo no balcão e a arremessando até a outra extremidade.

-- Um olho vermelho do diabo sangrento no capricho!

A bebida ao ser virada na caneca espumava como baba de cachorro doente e expelia uma fumaça vermelha como um espirito que gargalhava.

O bárbaro vira a caneca deixando escorrer o liquido pelos cantos da boca e a bate de volta no balcão.

-- Tem ouvido alguma coisa interessante por ai Pig?

A cabeça com um anel de ouro no nariz se vira para o bárbaro e diz:

-- Hm... Deixe-me pensar... Teve um cara tentando vender um livro com capa de pele e feições de horror, era árabe igual a você, Abdalah, Abu, Balu, Abdul algo assim.

-- Livros? Wig, eu tenho cara de mago, majestade dos chiqueiros?

A cabeça com grossos bigodes saindo dos buracos do nariz vira e diz:
você está mais para um mendigo do que um mago amigo! AH! AH! AH! AH!

Ao lado no fim do balcão um outro bárbaro sorria.

-- Minha princesa vampira precisa de sangue novo Wig.

Dizia o bárbaro pondo seu sabre embainhado no balcão.

-- Se a morte for como esse tedio, eu estou lascado quando tanatos vir me buscar.

Ao terminar de falar, do outro lado e ao fundo, em uma mesa sozinho um sujeito coberto por um capuz negro levanta uma caneca deixando as largas mangas do manto revelar um braço fino e fibroso com uma incrível definição muscular, sua pele era branca como ossos de baleia, ele então faz sinal para que o javali envie mais cerveja.

-- É Big o mijo do meu camelo me deixa mais tonto que suas bebidas em... Se sua cerveja fosse veneno e eu tomasse eu não ficava nem tonto.

A terceira cabeça do javali olha para Alfaris com a cara fechada pondo as mãos sobre o balcão, ela só tinha uma das presas mas estava quase dando a volto por cima do focinho como uma lua crescente.

-- Como é amigo?

-- AH! AH! AH! AH! AH!

No fim do balcão outro bárbaro, igualmente moreno porem com a barba cinza por tosquiada e cabelos negros lisos não se conteve e caiu para trás em gargalhadas.

-- É disso que estou falando Big! Eu quero o que ele está bebendo.

Alfaris se levanta pegando sua espada pela bainha e estende a grossa mão para o outro bárbaro

-- O que está bebendo amigo?

Ele se levanta ajeitando o banco e bate na mesa pedindo:

-- Traga para nós Pig, dois "Últimos Suspiros do demônio dragão do abismo de lagrimas do deus do desespero eterno.

A cabeça de javali com anel no nariz gargalha:

-- Aaaaaa, por que não pediu logo essa seus filhos das cadelas de Tanatos!

O homem de manto negro sorri com o canto da boca mostrando um queixo fino e sem barbas como um elfo.

-- Finalmente em Porcão, achei que estava fadado a um inferno de tedio de sobriedade por aqui.

O bárbaro de cara barbeada sorri.

-- Então amigo de onde é?

-- Do leste e você?

-- Eu também! como se chama?

-- Vagoulnir e você?

-- Ah pronto, um merda de um indiano, era o que faltava!

-- Aposto que é árabe então!

-- Diretamente do Marrocos, o que faz tão longe de casa amigo?

-- Eu ia perguntar isso mesmo a você!

-- Bom, só comecei a andar, quando notei estava aki.

-- E eu que nem sei como cheguei aki?

-- AH! AH! AH! AH! Eu também não!

Ambos então gargalham alto enquanto o javali de três cabeças coloca um barril pequeno no balcão para que ele mesmo se sirvam.

O homem de vestes negras olha para as unhas contraídas nas pontas de seus finos dedos e em um movimento singular dos dedos, partículas de uma estranha luz verde se espalha pela taverna. Enfurecendo um grande e musculoso homem de pele rosada sem barbas e careca com um grande bigode castanho repleto de tatuagem pelo peito. Ao se levantar, os olhos azuis se destacavam da montanha de músculos que crescia e crescia a medida que ele se colocava de pé e puxava uma espada montante tão grande e larga quanto ele em si.

Ele caminha até o centro da taberna e grita:

-- As odaliscas querem parar de rir como galinhas no cio!

Vagoulnir olha para Alfaris sorrindo e dizendo:

-- Azideia desse cara meu irmão!

Apertando o cabo de seu sabre Alfaris responde:
-- Até que demorou pra alguém se manifestar.

Os bárbaros continuaram a beber e a gargalhar como se a montanha de bigodes não estivesse ali.

-- As galinhas não me ouviram, o que eu devo fazer com elas pessoal?

gritava agitando os braços no ar para incitar a multidão. Todos na taverna gritavam batendo as canecas e cabos de espadas nas mesas. Os dois bárbaros se olham, e o ambiente fica tenso, mas antes que uma briga possa começar, uma série de piadas trocadas transforma a tensão em risos. O que enfurece ainda mais o montanha.

-- Então o que vai ser barbudo?

Alfaris olha de cima a baixo para o homem emitindo um grunhido cômico.

-- Não dá nem pra suar e olha que eu já estou suado.

Todos riem na taverna e isso enfurece o montanha que levanta sua montante decidido a dividir o bárbaro, Vagoulnor empurra o banco de Alfaris enquanto se joga para o outro lado. assim a espada do montanha fica presa no balcão do bar. Alfaris percebe o montanha tentando puxar a espada de volta e avança com a ponta do cabo de seu sabe acertando a cocha do montanha que se destacava entra uma espécie de saia xadrez vermelha e verde, o fazendo se ajoelhar com o golpe.
Em seguida um hipopótamo mutante vestindo o mesmo manto listrado acerta o roto barbudo do bárbaro árabe o derrubando e antes que pudesse perceber Vagoulnir saltava como um macaco louco sobre o lustre acertando um chute duplo giratório no hipopótamo que desequilibra caindo sobre mesas espalhando baralhos e fichas com bebidas por todo o chão de pedras da taverna.
Em uma fração de segundos a briga estava generalizada. Cadeiras, barris dentes e escudos voavam como milho sobre uma panela com óleo de búfala.

No calor batalha, os bárbaros se entre olham quase acertando socos um no outro, Vagoulnir com um dos olhos fechados e inchados e Alfaris com o nariz totalmente retorcido e roxo como uma beringela, ambos gargalham mostrando que faltava muitos dentes.
A gritaria se misturava a sons de garravas e madeira se quebrando e o homem de manto negro totalmente imóvel segurava a caneca com as duas mãos juntas sobre a mesa no canto observando cada detalhe da cena que se formava. Mas tudo se intensifica quando os bárbaros mostram suas habilidades em combate.
Alfaris, sempre com seu humor afiado diz:

-- Pelo visto não vai sobrar muito de você até anoite, cara de joelho!

-- Talvez, mas vai sobra o bastante para te fazer encontrar com tantos seu urso velho!

Ambos gargalham se separando e acertando voluntários para os tratamentos dos médicos da peste locais. Ao fundo Pig Big Wig pondo as mãos na cintura diz:

-- Malditos bárbaros do sol poente, vão destruir minha taverna!

Assim que terminou de falar, um elefante mutante que era arrastado pelo balcão por um rinoceronte tenta se levantar mas o javali o acerta com um pequeno barril o destruindo e espirrando espuma de sevada para todo o lado.

Após horas de brigas intermináveis o lustre despenca desmaiando o montanha no centro do salão.
o chão da taverna Pig Big Wig, agora estava cheio de corpos inconscientes e móveis destruídos. então de repente palmas pode ser olvido ao fundo, o homem de manto negro se põem de pé retirando o capuz revelando protuberantes orelhas pontiagudas lateralmente, apensar de não ser um elfo e sim um homem magro com músculos extremamente definidos mas sem volumes significativo. Sua pele branca como a lua e os longos cabelos negros contrastava com aquela imensidão de cores dos diferentes tipos de seres amontoados pelo chão. Ele então caminha silenciosamente até Alfaris e Vagoulnir que estavam de pé, um de costas para o outro respirando ofegantes e sujos de sangue.

-- Deixem-me pagar uma bebida para os campeões?

Os bárbaros se olham quase sem uma parte sadia no rosto, Alfaris pega seu sabre no chão que ainda esta embainhado e levanta o banco para se sentar perto do balcão. já Vagoulnir, ajeitava as milhares de facas e cimitarras na cintura como um pinheiro de solstício de inverno. Ele segurava a boca tentando falar sem perder mais dentes.

-- E quem seria você amigo?

-- Oh! Onde estão meus modos? desculpe. Eu sou Sotanat, eu me considero um colecionador. estou a procura de certos objetos que estão... Digamos assim... Bem guarnecidos. oferecendo-lhes um acordo para uma missão, eu pago o peso de vocês em ouro atlante por missão.

-- Ouro atlante é? Para cada um!

Questionava Vagoulnir segurando a mandíbula.

-- Para cada um que aceitar!

Alfaris levanta a cabeça dizendo:

-- Nessa vida, eu aprendi que quando eu penso que estou ganhando, é ai que estou perdendo!

-- O que isso vai nos custar elfo?

pergunta Vagoulnir.

-- Não sou um elfo meu caro, Mas se ao final das missões ainda estiverem vivos, nunca mais me verão!

-- Olhem bem para si, o que vocês poderiam ter que eu precisasse além da disposição pra selvageria?

Alfaris enche uma caneca de cerveja e entrega a Vagoulnnir que olha atentamente para o que se ver dos olhos pretos de Alfaris.

-- Conte-nos sobre suas aflições Sota-nat!

Dizia Vagoulnir soluçando no final.
Sotanat apenas sorri enigmaticamente.

Após uma longa conversa, os bárbaros do sol poente já não prestavam mais a atenção nos lábios finos e negros se movendo de Sotanat que exclama:

-- Então topam?

Ambos os bárbaros dão de ombros sorrido da propria dor e enorme força que estavam fazendo para levantar as sobrancelhas dizendo em uníssono:

-- Certo, aceitamos!

-- Ótimo eu sabia que você não me decepcionariam!

Enquanto Alfaris e Vagoulnir confirmavam, Sotanat começa a murmurar palavras estranhas, e uma sensação de inquietação toma conta do bar. De repente, todos no Pig Big Wig desaparecem e o cenário girando começa a mudar. Vagoulnir, percebendo a manipulação mágica, grita para Alfaris

-- Começo a me arrepender de não ter prestado a atenção no que o "elfo não elfo" disse!

-- Odeio magia!

Respondia o bárbaro barbudo mas era tarde demais. Sotanat põem a mão sobre os ombros dos bárbaros com um sorriso frio. os levanado a algum tipo de templo de pedras e areias negras.
Com a cabeça latejando pela bebida e pelos golpes, Alfaris beijando a bainha de seu sabre e o encostando na testa murmura:

-- Se beber, não faça acordos princesa!

Enquanto Vagoulnir, exausto, faz um balanço de cabeça típico dos indianos enquanto estende as mãos em concordância.

-- Alon Har --
@kowuniversos.ofc

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